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Stablecoins lastreadas em moeda fiduciária x stablecoins lastreadas em criptomoedas: qual é a diferença?

Entenda como as stablecoins funcionam e explore seus modelos lastreados em moeda fiduciária e em criptomoedas.

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Principais conclusões

  • Stablecoins lastreadas em moeda fiduciária são atreladas a moedas do mundo real — como o dólar americano — e dependem de reservas centralizadas.
  • Stablecoins lastreadas em criptomoedas são garantidas por moedas digitais e operam de forma mais descentralizada.
  • Cada tipo de stablecoin tem vantagens e riscos distintos relacionados à confiança, transparência, volatilidade e supervisão regulatória.
  • Sua preferência por um dos tipos de stablecoin — lastreada em moeda fiduciária ou criptomoedas — vai depender principalmente de onde você deposita sua confiança: nas instituições ou nos protocolos descentralizados.
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Just the basics

Stablecoins lastreadas em moeda fiduciária x stablecoins lastreadas em criptomoedas: qual é a diferença?

Com mais de US$ 230 bilhões em circulação e um volume de trilhões de transações mensais em abril de 2025, as stablecoins atuam como o tecido conjuntivo que permeia as finanças tradicionais (TradFi) e as finanças descentralizadas (DeFi). Porém, basta fazer uma análise mais aprofundada para perceber que as duas opções são desenvolvidas de maneira muito diferente, com implicações reais sobre como você as usa. Uma das diferenças mais significativas entre as stablecoins é a maneira como mantêm a estabilidade.

As stablecoins lastreadas em moeda fiduciária são projetadas para manter seu valor por estarem atreladas ao dólar americano, ao euro ou outra moeda fiduciária, o que significa que as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária são respaldadas por dinheiro (e ativos equivalentes a dinheiro) mantido em reserva. Já as stablecoins lastreadas em criptomoedas, outro tipo importante de stablecoin, são respaldadas por diversas criptomoedas.

Neste artigo, vamos explicar como as stablecoins funcionam, detalhar os diferentes tipos de stablecoins e apontar as principais considerações em torno das stablecoins lastreadas em moeda fiduciária e criptomoedas. Qual é a finalidade das stablecoins? Como as stablecoins funcionam? Vamos responder suas perguntas trocando em miúdos esses principais tipos de stablecoin, usando termos do dia a dia fáceis de entender e deixando de fora o linguajar técnico.

Stablecoins: tudo gira em torno da garantia

Basicamente, stablecoins são ativos digitais projetados para manter um valor estável, geralmente com relação a uma moeda fiduciária como o dólar americano; visto por esse lado, são diferentes da maioria dos outros ativos digitais voláteis dos quais você já ouviu falar. Você já viu isso acontecer: um token dispara em um determinado dia e despenca no dia seguinte. Com as stablecoins de modo geral ocorre o contrário: costumam representar a calma no olho do furacão das criptomoedas, o equivalente digital de decidir não andar na montanha-russa.

Quando os mercados de ativos digitais apresentam volatilidade, os investidores costumam optar por negociar as stablecoins, que atuam como versões digitais do dólar, do euro e de outras alternativas fiduciárias. As stablecoins são usadas para efetuar trading, fornecer proteção contra a volatilidade e mais uma variedade de atividades de investimento, o que também inclui seu uso em ferramentas e plataformas DeFi.

Além disso, muitas stablecoins estão cada vez mais sendo usadas no comércio diário, desde o envio de pagamentos à compra de mercadorias e serviços — incluindo comprar roupas ou alimentos, vender suas obras de arte ou pagar os profissionais freelancers na sua empresa. São ideais para transferir fundos rapidamente, independentemente de o beneficiário estar do outro lado da mesa, da cidade ou do mundo. Mas a principal diferença entre os tipos de stablecoins reside na maneira como são projetadas para manter a estabilidade.

Como as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária funcionam

Stablecoins lastreadas em moeda fiduciária são o tipo mais comum, mais simples e mais direto no mercado de ativos digitais. Operam com base em um princípio financeiro simples: para cada token emitido, deve haver uma quantia equivalente de moeda fiduciária ou dinheiro em espécie; e essa garantia é mantida em reserva por uma entidade centralizada, devendo ser auditada com regularidade e independência. O USDC — atrelado ao dólar — e o EURC — atrelado ao euro — são stablecoins da Circle líderes de mercado lastreadas em moeda fiduciária, projetadas para oferecer confiança, transparência e conformidade regulatória.1 As reservas do USDC e do EURC são verificadas de forma independente, com atestados regulares emitidos por terceiros publicados mensalmente por uma das quatro maiores empresas de contabilidade dos EUA (Big Four). Além disso, são disponibilizados publicamente para que qualquer pessoa possa consultá-los por sua própria conta.

Essa configuração garante que, para cada USDC em circulação, haja uma quantia equivalente de dinheiro e ativos equivalentes a dinheiro em dólares americanos altamente líquidos mantidos em reserva, o que torna o USDC resgatável por dólares na paridade de 1:1.2

As stablecoins atreladas ao dólar americano são amplamente adotadas por corretoras de criptomoedas, carteiras de criptomoedas e plataformas DeFi devido à sua facilidade de uso, forte liquidez e familiaridade. Seu vínculo direto com reservas fiduciárias ajuda as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária a manterem um valor consistente, algo especialmente útil quando as condições do mercado inspiram incerteza. No entanto, é preciso depositar um grau de confiança substancial na capacidade da organização emissora de gerenciar as reservas com responsabilidade e se manter em conformidade com as regulamentações financeiras. Transparência, auditorias regulares e supervisão regulatória são essenciais para a estabilidade desses ativos no longo prazo. Alguns emissores, como é o caso da Circle com o USDC, conquistam mais confiança junto aos usuários e instituições ao publicar regularmente auditorias de suas reservas (conhecidas como "garantias" ou "atestados") e colaborar com as autoridades regulatórias.

No entanto, como tudo o mais no domínio das finanças, é preciso fazer concessões: as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária são controladas por empresas centralizadas, em cuja capacidade de gerenciar o dinheiro e manter seu valor constante você precisa confiar. Se cometerem um erro ou violarem as regras, você poderá perder o acesso aos seus fundos. As stablecoins lastreadas em moedas fiduciárias dependem da empresa que as emite para gerenciar com segurança o dinheiro que as respalda, token por token, e essa dependência introduz riscos que podem não cair muito bem para usuários que prefiram opções mais descentralizadas, que evitem a necessidade de um terceiro confiável.

Na Circle, temos orgulho da nossa abordagem de stablecoins que prioriza a regulamentação e a transparência: é o que faz com que a Circle se destaque da multidão de emissores de stablecoins existentes no mercado. O USDC e o EURC são totalmente respaldados por dinheiro e ativos equivalentes a dinheiro altamente líquidos, guardados separadamente dos fundos operacionais da Circle em grandes instituições financeiras. Como parte do nosso sólido compromisso com a transparência, temos emitido relatórios sobre todos os ativos da nossa reserva desde 2018. Confira nossos relatórios de transparência mais recentes e uma lista das licenças da Circle aqui.

Stablecoins descentralizadas, lastreadas em criptomoedas

As stablecoins lastreadas em criptomoedas adotam uma abordagem diferente, oferecendo estabilidade por meio de um excesso de garantias — constituídas de ativos digitais voláteis como o Ether (ETH), o Bitcoin embrulhado (wBTC) e vários outros. Em vez de depender de reservas em moedas fiduciárias gerenciadas por uma entidade centralizada, essas stablecoins são regidas por protocolos descentralizados e contratos inteligentes.

Para cunhar (ou seja, criar) um valor de US$ 100 na forma de uma stablecoin lastreada em criptomoedas, talvez você precise depositar como garantia criptomoedas com um valor entre US$ 150 e US$ 200. É como colocar de lado um depósito caução: você paga mais inicialmente, mas ajuda a manter uma situação de estabilidade. Essa garantia adicional funciona como um tampão, que compensa a volatilidade de preço das criptomoedas e ajuda a stablecoin a manter seu valor pretendido. As stablecoins garantidas por criptomoedas são projetadas para ter essa garantia em excesso, de maneira que, quando a volatilidade dos preços inevitavelmente ocorrer, você tenha uma chance melhor de reter um valor estável.

Se, no entanto, o valor da garantia cair demais, o sistema poderá deflagrar um processo de liquidação — como, por exemplo, vender os ativos digitais subjacentes usados como garantia para proteger a âncora da stablecoin. Quando sua garantia cai abaixo do valor de suas stablecoins, dizemos que você está tecnicamente subgarantido, ou seja, tomou emprestado mais do que seus ativos de reserva podem aguentar. Na prática, no entanto, isso é improvável, já que o protocolo tipicamente liquidaria seus ativos de garantia antes que isso acontecesse. Para evitar essa possibilidade, você precisaria depositar mais garantias ou resgatar suas stablecoins por seus ativos da garantia antes de chegar ao ponto de um possível evento de liquidação.

O processo de cunhagem funciona por meio de contratos inteligentes automatizados. Quando um usuário trava sua garantia, o protocolo emite uma stablecoin. Um exemplo comum é o USDS (antigo DAI), emitido pela Sky (anteriormente conhecida como MakerDAO). Sob seu nome original, o DAI era 100% respaldado em criptomoedas. Hoje, rebatizado como USDS, é respaldado por uma combinação de ativos digitais e ativos do mundo real — como títulos do tesouro dos EUA — e até mesmo outras stablecoins lastreadas em moeda fiduciária, como o USDC, que é totalmente lastreado em moeda fiduciária.

No entanto, existem alternativas ao USDS que são totalmente respaldadas em criptomoedas. Alguns dos exemplos mais populares são o GHO, o LUSD e o sUSD — todos atrelados ao dólar americano, embora sejam respaldados por ativos digitais. O X da questão no que se refere à cunhagem de stablecoins lastreadas em criptomoedas é a garantia em excesso que você precisa providenciar para manter sua posição com wETH, wBTC e outros ativos voláteis. Se isso não for feito, você corre o risco de liquidação dos seus ativos dados em garantia, o que pode ser evitado se usar como garantia stablecoins lastreadas em moeda fiduciária, como o USDC. Por outro lado, algumas pessoas poderiam argumentar que essa opção contraria o propósito básico de uma "stablecoin descentralizada".

Os benefícios das stablecoins lastreadas em criptomoedas residem em sua descentralização, transparência e resistência à censura. Alguns usuários que valorizam a descentralização talvez prefiram as stablecoins lastreadas em criptomoedas, que são gerenciadas por protocolos e não por instituições, embora esse modelo não esteja isento de desafios.

A volatilidade do mercado de ativos digitais pode dificultar a estabilidade do valor de uma stablecoin. Além disso, esses sistemas podem se revelar traiçoeiros se você for novato na blockchain e menos eficientes devido à exigência de garantias adicionais. A cunhagem de US$ 100 de uma stablecoin lastreada em criptomoedas, por exemplo, pode requerer US$ 200 em ETH como garantia, imobilizando um capital que, em outras situações, poderia ser usado em outro lugar. É preciso travar um valor superior ao que é realmente cunhado, o que faz com que um capital que poderia ser empregado para outros fins fique temporariamente inutilizado.

Agora, apesar desses obstáculos, as stablecoins lastreadas em criptomoedas continuam sendo uma inovação essencial no espaço cripto ao oferecerem um caminho alternativo para a obtenção de um valor estável na blockchain, sem depender das instituições financeiras tradicionais.

Principais diferenças entre stablecoins lastreadas em moeda fiduciária e em criptomoedas

As stablecoins lastreadas em moeda fiduciária e lastreadas em criptomoedas são semelhantes em muitos aspectos, enquanto suas principais diferenças refletem valores subjacentes distintos. Suas prioridades são a simplicidade, regras claras e maior integração com o sistema bancário tradicional? Se a resposta for sim, provavelmente as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária são a melhor opção para você. Amplamente aceitas nas diversas corretoras, são mais fáceis de entender e costumam proporcionar tranquilidade por serem respaldadas por reservas de moedas do mundo real. São também uma opção conveniente para os recém-chegados ao espaço de ativos digitais, com receio de lidar com serviços mais complexos. Por outro lado, se você vive e respira descentralização, as stablecoins lastreadas em criptomoedas podem parecer melhor alinhadas aos seus princípios. Esses ativos não dependem de custodiantes centralizados; ao contrário, operam inteiramente por meio de contratos inteligentes e de uma governança descentralizada.

Considerações finais sobre garantias de stablecoins

Embora, ao contrário de ativos voláteis como o BTC, ETH, SOL e vários outros, as stablecoins sejam projetadas para manter seu valor estável, seu papel na economia digital é seguramente tão importante quanto, se não mais. As stablecoins podem, fundamentalmente, fornecer uma estabilidade de preços que lhe permite interagir com os mercados de ativos digitais sem precisar se preocupar o tempo todo. Como seu próprio nome indica, as stablecoins são desenvolvidas para deslanchar um valor estável.

Desde facilitar transferências internacionais rápidas a baixo custo até permitir diferentes tipos de trading nos protocolos DeFi, as stablecoins atuam como um componente crucial de um novo paradigma financeiro que funciona on-chain. Independentemente de você optar por stablecoins lastreadas em moeda fiduciária como o USDC, ou decidir explorar as stablecoins descentralizadas, o modelo de garantia escolhido é realmente importante.

À medida que o espaço de ativos digitais amadurece, as stablecoins poderão muito bem vir a constituir uma camada de infraestrutura que possibilite uma adoção e integração mais amplas na vida financeira cotidiana. Conforme a demanda global por pagamentos mais rápidos e mais em conta aumenta, as stablecoins estão bem-posicionadas para atuar como um alicerce para as finanças on-chain. É possível que as stablecoins não ganhem as manchetes do dia devido às oscilações de preço radicais. Porém, em um panorama caracterizado por inovação e disrupção, a estabilidade poderá, simplesmente, constituir a oferta mais radical de todas.

1 O USDC é emitido por entidades regulamentadas da Circle. Uma lista das autorizações regulatórias da Circle pode ser encontrada aqui.

2 Os clientes do Circle Mint têm a capacidade de resgatar USDC diretamente da Circle. Além disso, em conformidade com o MiCAR, a Circle resgatará todos os tokens de USDC que lhe forem apresentados para resgate, independentemente de seu titular ser ou não cliente do Circle Mint. No momento, o Circle Mint está disponível apenas para instituições, não para pessoas físicas. O Circle Mint e os serviços de transmissão de dinheiro são fornecidos pela Circle Internet Financial, LLC. Circle Internet Financial, LLC, NMLS N.° 1201441. Uma lista completa das licenças da Circle pode ser encontrada aqui.

Uma pessoa olhando para o USDC em um aplicativo
Uma pessoa olhando para o USDC em um aplicativo

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